03/09/10

Obrigado Bom Gigante

Avançado centro de grande eficácia no jogo aéreo é o melhor cabeceador na história do futebol português, conseguindo no Benfica o recorde de 116 golos após remates de cabeça, ultrapassando os 109 golos de José Águas!
José Augusto da Costa Sénica Torres nascido numa família de futebolistas, em Torres Novas a 8 de Setembro de 1938, cedo adquiriu o gosto pelo futebol. Iniciou-se no Clube Desportivo de Torres Novas onde jogaria na equipa principal durante três épocas, entre 1956/57 e 1958/59. No final desta temporada foi contratado pelo Benfica seguindo o rumo do seu tio Carlos Torres que em 1932, ou seja seis anos antes de José Torres nascer, ingressou no “Glorioso” onde jogou cinco épocas até 1936/37.
José Torres estreou-se pelo Benfica a avançado centro na categoria de Reserva, com o GD Cova da Piedade a 16 de Setembro de 1959, ou seja oito dias depois de ter comemorado o 21.º aniversário, na Cova da Piedade com V 4-0 marcando um golo. Ao terceiro jogo a 26 de Setembro cometeu o feito de marcar dez golos na V 14-0 com o CD Arroios, em jogo oficial para o campeonato distrital de Reservas, proeza que repetiria em mais dois encontros: V 17-1 com o GD Estoril-Praia (26.11.1960) e V 12-1 com o Alhandra SC, em Alhandra (13.10.1962).
Após seis jogos pela Reserva estreou-se a 25 de Outubro de 1959 no Estádio da Luz na 6.ª jornada do Nacional da I Divisão com o SC Covilhã marcando aos 72’ o 1.º golo na vitória por 2-1 do nosso Clube. Nas três épocas iniciais de 1959/60 a 1961/62 jogou essencialmente pela Reserva, mas em 1962/63 na quarta época a jogar no Benfica conseguiu a titularidade que manteve nas oito temporadas seguintes até 1970/71, fazendo parte das grandes equipas do Benfica nos anos 60 que dominaram o futebol europeu e mostraram por todos os outros continentes a categoria do Benfica. Na sua primeira época como titular foi o melhor marcador do campeonato com 27 golos em 21 jogos num Nacional com 26 jornadas, em 1962/63.
José Torres era um jogador rectilíneo que teve de vencer a sua imensa estatura de 1,98m. Só a perseverança, inteligência, capacidade de sofrimento e trabalho...muito trabalho em treinos apurados permitiram que uma compleição física pouco dotada para o futebol vingasse como um dos melhores avançados do futebol português e europeu. José Torres conseguiu que a paixão de menino pelo futebol colocasse “fora-de-jogo” as suas características físicas, que se dizia serem desproporcionadas para um futebolista. E na verdade nunca se vira um jogador com a sua altura e físico franzino evoluir no desporto tecnicista. Mas Torres soube estudar o jogo e adaptar-se às respectivas características. Ele era o último interprete, aquele que estaria no local certo no tempo certo para efectuar o remate final. Com treino e muita dedicação soube evoluir. Para além de temível cabeceador, não só pela altura mas igualmente pelo tecnicismo que soube desenvolver, jogava (e em particular rematava) com os dois pés. Sabendo usar o tamanho das pernas, os remates saíam violentíssimos e bem colocados. Era um jogador de grande eficácia, em particular se aparecesse isolado.
Dificilmente falhava um golo certo! Se as defesas contrárias não fossem persistentes até ao final do jogo, José Torres que nunca desistia e redobrava de ânimo com o escoar do tempo, marcava golos atrás de golos permitindo ao Benfica golear os adversários. Foi assim que um futebolista a quem alguns inadvertidamente pensaram que nunca seria sequer um fraco jogador de futebol se tornou numa das principais referências do futebol do Benfica e da Selecção Nacional, onde foi um dos jogadores fundamentais no Mundial de Inglaterra em 1966, marcando três golos e jogando todos os seis encontros da fase final, tal como havia participado já nos seis jogos na fase de apuramento.
Na época de 1970/71 com o Benfica a necessitar de rejuvenescimento, José Torres com 33 anos deixou o “Glorioso” envolvido na transferência de Vítor Baptista do Vitória FC, de Setúbal para o Benfica. No início da temporada seguinte em 1971/72 realizou-se no Estádio da Luz a 31 de Julho de 1971 a “Festa de Despedida” num encontro em que vencemos por 2-0 o Arsenal FC, de Londres, com José Torres a deixar o jogo aos 2’ substituído por Vítor Baptista.
Pela equipa de honra do Benfica ajudou o Clube a conquistar 16 títulos oficiais: nove campeonatos nacionais na I Divisão, em 1959/60, 1960/61, 1962/63, 1963/64, 1964/65, 1966/67, 1967/68, 1968/69 e 1970/71; quatro Taças de Portugal, em 1961/62, 1963/64, 1968/69 e 1969/70; e, três Taças de Honra da AFL, em 1962/63, 1964/65 e 1967/68.Titular das grandes equipas que o Benfica possuía nos anos 60 ajudou o nosso Clube a conquistar inúmeros troféus de prestígio em vários países, destacando-se em Espanha, o Torneio Ramon Carranza, de Cádis (1963/64), o Torneio Ibérico de Badajoz (1968/69); na Venezuela, a “Pequena Taça do Mundo, de Caracas (1964/65); e em Portugal a “Taça de Ouro da Imprensa” quando vencemos por 5-0 o Sporting CP no estádio do Restelo, a 29 de Março de 1964.
Nas doze temporadas a jogar pela principal equipa do Benfica participou em 347 encontros, num total de 28 424 minutos, marcando 284 golos, ou seja um golo a cada 100’: em 178 jogos não marcou, mas obteve golos em 169 encontros: um golo em 96 jogos, dois golos em 46 encontros, três golos em 19 jogos, quatro golos em quatro jogos, cinco tentos em dois encontros, seis golos num jogo e sete golos também num encontro. Enquanto futebolista do Benfica efectuou 347 jogos, com 316 encontros a titular sendo substituído em 42 jogos. Em 31 encontros foi suplente utilizado. Jogou sempre como atacante, essencialmente a avançado centro em 205 jogos.
Pelo Benfica marcou 284 golos a 63 adversários diferentes, destacando-se 23 golos ao Leixões SC; vinte ao Vitória SC (Guimarães); dezassete golos ao Sporting CP; dezasseis tentos ao CF “Os Belenenses”; e, entre outros onze golos a equipas da Associação Académica de Coimbra, nove tentos ao FC Porto e três golos ao Boavista FC.
Dos 284 golos, 152 foram marcados no campeonato nacional da I Divisão, 57 na Taça de Portugal, onze na Taça de Honra da AFL, 19 na Taça dos Campeões Europeus, um da Taça das Cidades com Feiras, actual Taça UEFA, catorze em Torneios e 40 em jogos particulares, com um total de 49 golos em jogos internacionais marcados a 32 adversários, destacando-se cinco golos à AS Fiorentina e três tentos ao Chelsea FC.
José Torres é o cabeceador com melhor eficácia na gloriosa história do futebol benfiquista ao concretizar 116 golos com a cabeça, marcando 167 golos com os pés e um com o corpo, com 48 a serem concretizados após lances de “bola parada” e 236 em lances de “bola corrida”. Ao marcar 25 golos na sequência de pontapés de canto o nosso avançado é o melhor neste aspecto bem como no facto de 20 remates serem de cabeça, mais dois recordes no Benfica. Os 116 cabeceamentos vitoriosos correspondem a 80 golos em lances de “bola corrida” e 36 após jogadas de “bola parada”: vinte pontapés de canto, quinze “livres indirectos” e um após “lançamento da linha lateral”. Dentro área obteve 270 tentos, conseguindo ainda catorze golos “fora da grande área”.
José Torres conseguiu, enquanto jogador do Benfica 31 internacionalizações marcando catorze golos. Pelo Benfica participou num total de 473 jogos (126 na Reserva) marcando 558 golos (274 na Reserva).
Jogou no Vitória FC, de Setúbal quatro épocas entre 1971/72 e 1974/75, nesta última como jogador treinador depois de 28 de Dezembro de 1974 quando substituiu no comando técnico sadino José Augusto seu antigo companheiro no Benfica. Seguiram-se cinco temporadas no GD Estoril-Praia ainda como jogador-treinador, abandonando a actividade como atleta em 1980 quase com 42 anos, pois nesta temporada ainda participou em 20 jogos na I Divisão marcando um golo, isto na sua 24.ª temporada como jogador sénior! Dedicou-se depois ao cargo de treinador (em exclusividade): CF Estrela da Amadora (1980/81 e 1981/82) e Varzim SC (1982/83 e 1983/84). Seguiu-se a tarefa de seleccionador nacional no biénio 1984/85 e 1985/86 na campanha de apuramento para o Mundial de 1986 no México. Conseguiu o apuramento, acabando depois vítima de todos os acontecimentos de Saltilho. Apesar de nunca se ter esclarecido com clareza o que realmente se passou, num processo bem “à portuguesa” decerto que de todos – jogadores, técnicos e dirigentes, tudo indica como sendo o “menos culpado” seria depois o maior prejudicado, nunca mais conseguindo tranquilidade e oportunidade para desenvolver a sua brilhante carreira como treinador, tendo apenas uma possibilidade quatro temporadas depois em 1989/90 como treinador no Portimonense SC a competir na I Divisão. Desiludido afastou-se magoado com o futebol português…
Site Benfica


1 comentário:

  1. Anónimo19.1.12

    Sem a menor dúvida, o melhor ponta-de-lança Português, de todos os tempos!

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